Paz&Amor

Paz&Amor
A espantosa realidade das coisas é a minha descoberta de todos os dias. Cada coisa é o que é. E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra, e quanto isso me basta. Basta existir para se ser completo. Ser poeta não é uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinha.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Os "Puros" de Espírio

Esta semana não me saem da cabeça as pessoas “puras”! Existem pessoas que realmente se julgam assim e passo a explicar… Estas pessoas esforçam-se por ostentar uma suposta pureza e neutralidade perante a vida que quase nos gelam o sangue. Não vibram e muito menos se emocionam, dificilmente partilham a sua preferência e resguardam como um tesouro os seus afectos e sentimento (talvez também por estarem demasiadamente ocupadas com o que os outros pensam de si e das suas invejadas vidas), esfriam qualquer tipo de reacção dos outros, consequentemente fazendo com que muitos que as rodeiam sejam por “outros motivos” menos sinceros.
Estas pessoas, sinceramente causam dó. Ao debruçarmo-nos sobre elas, muitas vezes apetece abordá-las e sacudi-las! Mas nunca sabemos muito bem como o fazer sem ferir ainda mais susceptibilidades. É um facto que se torna basicamente uma “missão impossível” chegar ao seu íntimo, até porque todas as suas capas de protecção estão meticulosamente estudadas.
Mesmo que consigam fazer “amizade” com alguém, nas suas relações dificilmente existirá cumplicidade “pura”, pois não existe partilha de emoções, como choro, o abraço, o desgosto, a gargalhada. Aquando sua juventude, estas pessoas interiorizam que o padrão de vida correcto é aquele em que o comportamento e classe são mais importantes do que a liberdade. Na sua “aristocrata” educação, foram estimuladas a olhar para o mundo e para as pessoas com uma soberana superioridade, mas também com uma fingida segurança. Daí as suas vidas estar repleta de encenações por fingirem ser o que não são.



Imagino que já tenham percebido como a vida destas pessoas é uma verdadeira tragédia… Elas estariam perfeitas em França no século XIV, nos salões de Maria Antonieta e Luís XIV!
O processo de mudança pessoal é provavelmente das tarefas mais difíceis por realizar do ser humano. De uma maneira geral, as pessoas, mesmo que se consciencializem do seu comportamento, não conseguem passar do plano das intenções para os actos.
Na vida real, a aventura de viver é uma estrada bem mais emocionante onde não basta ser perfeito e correcto para com os outros. É preciso aceitar o ser humano com todas as suas fragilidades, sem impor arrogâncias, excessivas auto-protecções ou medos… Obviamente que o respeito e a confiança são pilares nas relações afectivas, mas o importante a reter aqui é que pertencemos e dependemos uns dos outros e que o nosso maior desafio é saber estar/viver: com o próximo.

Por Yana Vieira Dias
Filósofa




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